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Querida Amazônia (Parte 2)

No artigo anterior, apresentamos a primeira parte da Exortação Apostólica Pós-sinodal Querida Amazônia, do Papa Francisco. Essa Exortação é fruto do Sínodo para a Região Pan-amazônica, celebrado no Vaticano em outubro do ano passado. Após abordar sua introdução, sinalizamos para os quatro sonhos do Papa: social, cultural, ecológico e eclesial. Abordamos já os dois primeiros sonhos. Cabe-nos agora apresentar os outros dois sonhos de Francisco e a conclusão desta breve leitura do documento. Terceiro capítulo: um sonho ecológico. O Papa começa, afirmando que “o Senhor, que primeiro cuida de nós, ensina-nos a cuidar dos nossos irmãos e irmãs e do ambiente que Ele nos dá de presente a cada dia. Esta é a primeira ecologia de que precisamos” (QA,41). Compreendendo que tudo está conexo, Francisco denuncia grupos de poder que têm interesses escusos e faz um apelo veemente: “Pedimos que cessem os maus-tratos e o extermínio da ‘Mãe Terra’. A terra tem sangue e está sangrando, as multinacionais cortaram as veias da nossa ‘Mãe Terra’” (QA,42). E observa que o equilíbrio planetário depende também da saúde da Amazônia (QA,48). Diante de interesses econômicos, “a solução não está numa ‘internacionalização’ da Amazônia, mas a responsabilidade dos governos nacionais torna-se mais grave. Pela mesma razão, é louvável a tarefa de organismos internacionais e organizações da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram de forma crítica, inclusive utilizando legítimos sistemas de pressão, para que cada governo cumpra o dever próprio e não-delegável de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país, sem se vender a espúrios interesses locais ou internacionais” (QA,50), reafirmando o que já observara o Documento de Aparecida e a encíclica Laudato Sì. O Papa afirma ainda que o grito que a Amazônia eleva ao Criador é semelhante ao grito do Povo de Deus no Egito. Por nossa causa, continua afirmando, milhares de espécies não darão glória a Deus com sua existência (cf. QA,54). Francisco indica caminhos a serem trilhados: “aprendendo com os povos nativos, podemos contemplar a Amazônia, e não apenas analisá-la, para reconhecer esse precioso mistério que nos supera; podemos amá-la, e não apenas usá-la, para que o amor desperte um interesse profundo e sincero; mais ainda, podemos sentir-nos intimamente unidos a ela, e não só defendê-la: e então a Amazônia tornar-se-á nossa como uma mãe” (QA,55). E nos faz um efusivo convite: “Deus Pai, que criou com infinito amor cada ser do universo, chama-nos a ser seus instrumentos para escutar o grito da Amazônia” (QA,57). Continuando, o Papa apresenta a Amazônia como um “lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos”. Quarto capítulo: um sonho eclesial. Afirma o Papa que a Igreja é chamada a caminhar com os povos amazônicos, a ter um rosto amazônico. Para isso, deve crescer no sentido da cultura do encontro em direção a uma pluriforme harmonia. Trata-se de uma verdadeira encarnação da Igreja e do Evangelho. Para tanto, é preciso “ressoar incessantemente o grande anúncio missionário” (QA,61). Não se trata simplesmente de repetir doutrinas e imperativos morais, mas fazer ressoar o grande anúncio salvífico. Para isso, é importante a força do Kerygma, o anúncio principal do Evangelho. Juntamente com o amor fraterno, o Kerygma constitui “a grande síntese de todo o conteúdo do Evangelho, que não se pode deixar de propor na Amazônia” (QA,65). Importante, no anúncio do Evangelho, é valorizar a inculturação, considerando que o cristianismo não dispõe de um único modelo cultural. É preciso aceitar com coragem a novidade do Espírito. E o Papa suplica com veemência: “Não tenhamos medo, não cortemos as asas ao Espírito Santo” (QA,69). O documento apresenta as vias de enculturação na Amazônia: “escutar a sua sabedoria ancestral, voltar a dar voz aos idosos, reconhecer os valores presentes no estilo de vida das comunidades nativas, recuperar a tempo as preciosas narrações dos povos” (QA,70). Pelo mistério da encarnação do Verbo de Deus, todas as coisas encontram nele o seu sentido. Na Eucaristia, Jesus Cristo assume os elementos da natureza e do cosmo, conferindo-lhes um sentido pascal (QA,74). Para garantir um rosto amazônico, a Igreja precisa inculturar a espiritualidade, a liturgia e a ministerialidade, assumindo a riqueza da cultura pluriforme. O Papa aponta a importância da sinodalidade que valoriza as mulheres e todos os seus membros. “Numa Igreja sinodal, as mulheres, que de fato realizam um papel central nas comunidades amazônicas, deveriam poder ter acesso a funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a Ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio. Convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo. Daqui resulta também que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades, mas sem deixar de o fazer no estilo próprio do seu perfil feminino” (QA,103). Por fim, neste que é o capítulo mais extenso, Francisco apresenta o valor do diálogo, para unir os cristãos na fé (QA, 108). (Continua na próxima edição)

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