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Ver, sentir compaixão e cuidado do outro que sofre

A Campanha da Fraternidade deste ano nos traz um tema que muito deveria nos inquietar - Fraternidade e vida: dom e compromisso. No entanto, existe uma diferença latente entre o que está proposto e a realidade. Infelizmente, estamos vivendo uma época de profundas crises que nos emparedam e nos jogam em ações silenciosas e individualizadas, diante de holofotes recheados de mentiras. O pior a se constatar nos últimos dias: uma espécie de “solidão forçada”, involuntária, que a cada dia nos afasta ainda mais, pelo medo do contágio e da propagação do vírus (Corona) que assola o mundo, portanto, também o Brasil. As pessoas me perguntam com muita intensidade quem é o causador de toda a crise? A minha resposta é: com certeza, não o povo sofrido, mas a busca mórbida e desenfreada do dinheiro e a ganância que caracterizam o mercado individualizante, competidor, consumidor ao extremo, além da violência contra o meio ambiente, que mata e destrói a sensibilidade humana. Assim, cada vez mais arma um silêncio que alimenta a apatia e nos remete ao bem querer individual sobrepondo ao coletivo. Exemplo disso é assistir, de mãos e pés atados, a uma imensidão de pessoas numa corrida desenfreada aos supermercados para estocar alimentos a serem consumidos na “solitária proteção” de seus lares. Quem são os que tirarão proveito com o consumo de alimentos e quem serão os sobreviventes? Essa pergunta me inquieta, principalmente falando de muitos cristãos que não fazem valer o que está sendo evidenciado na Campanha da Fraternidade. Na parábola do Bom Samaritano, um doutor da Lei pergunta a Jesus: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna”? A resposta de Jesus foi instigante: “Amar o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” e “Amar o teu próximo como a ti mesmo”. Sabe-se que, diante da pergunta “E quem é o meu próximo?”, feita pelo doutor da Lei, Jesus narrou a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). Em face do peregrino caído na estrada pelas mãos de ladrões, tanto um sacerdote como um levita tiveram dúvidas quanto a auxiliá-lo. Trata-se de dúvidas de quem não radicaliza a opção pelo outro como “aquele que é, de fato, nosso próximo”! Diante sobretudo de um momento crucial que estamos passando no mundo todo, deixo aqui duas perguntas: Se eu não parar para ajudá-LO, o que vai ME acontecer? E se eu não parar para ajudá-LO, o que vai LHE acontecer? Trata-se de uma oportunidade para efetivar o que a campanha nos ensina: o caminho que leva a Deus passa necessariamente pelo próximo.  Maria Rita Nascimento Pereira Coordenadora da Pastoral da Educação da Arquidiocese

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